segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

pequenino fantasma com cheiro de saudade

...E também me pergunto de que adianta ficar trazendo de volta as lembranças que se foram, do que foi mas já não é, dessa conformada visão dos tantos mil que já fomos. Me perco ao pensar que é sempre um meio de tentar valorizar o que tenho hoje, embora não tenha sido nada disso que desejei.
Bailando com meus fantasmas cheio de cheiros de saudade, me vejo brincando com uma barquinho de papel num pequeno círculo cavado na areia onde as ondas desistem de perseguir os pés de quem andam pela praia perdido no horizonte ou nos cabelos daquela estranha que olha com desdém para as algas mortas na praia.
Antes eu era um menino que sonhava em navegar, ser piloto de alguma nave que ainda não iventaram, mas ninguém nunca me avisou que só pilota uma nave sozinho, só se navega sozinho, só se ama sozinho.
Ninguém me avisou da dor, daquilo que eu teria que procurar, mesmo sabendo que jamais encontraria...ninguém me avisou que aquele temido monstro era minha própria sombra que sempre sabia ds.
E eu brincava com pipas,construia castelos de cartas que o vento sempre levava.Levava a pipa para longe dos meus pequeninos braços e colocava sempre aquele meu forte de paus e copas abaixo em segundos...
...ninguém nunca me falou que aquele vento que eu tanto amaldiçoava com palavras milenares mas com voz de menino seria minha única esperança para um dia poder sair dessa ilha que sempre me acompanha dentro dessa nau.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Aquela varanda

...E tudo que eu queria agora era estar naquela varanda que imaginei e que tu, distante, nem imaginas, mas tentar-te-ei, te dizer como ela é.
Ela tem o piso de madeira, onde espero ansioso escutar teus passinhos cada vez mais fortes, assim como as batidas do meu coração.Tem uma mesinha onde me lembra que a distancia que esse mar faz já não é mais nada...apenas estico meu braço e encosto em ti. Nessa nossa varandinha há flores penduradas em cestos artesanais, nos quais algumas folhas caem por suas bordas.
Eu simplesmente paro e te olho enquanto procuras algo no horizonte já escuro. A cidade , nesse nosso bairro calmo, parece aquelas pérolas de luz jogadas num campo escuro. Não falo nada. Me olhas tímida. Pego tua mão. Beijo-a. Ah, como sofri esses dias de eternidade procurando por esse segundo que também é eterno. Me perdoas por simplesmente não poder vir antes? Me perdoas por parecer um louco na bebida tentando esquecer a nossa antiga distancia? me perdoas por te raptar em segredo e te por do meu lado, no mar, escutando aquela musica de promessas de amor?
Não fala nada. Deixa que eu veja tuas buchechas ficarem rosa enquanto te digo que te seguirei até depois da morte (I will follow you into the dark. Come away with me into the night).
Me deixa ficar aqui, mesmo que estejas dormindo agora, mesmo que o destino me jogue num tornado para milhas de eternidade...Me deixa ficar aqui...Volta...

...Essa varandinha sempre estará aqui, no lugar onde sempre estarás

[B]em que te vejo...
[M]uito que te quero...

Carta ao mar III

..E por estar sempre no mar com os olhos no horizonte, talvez nunca veja teu jardim florescer numa ilha perdida onde o mar e o céu se abraçam e que o sol se esconde timido e suavemente nesse abraço. Tudo deveria ser diferente mas onde está provado que o sol nasce? onde está provado que a lua estará sempre aqui comigo? e essas nuvens, o que trazem denovo o que é novo?Tudo deveria ser diferente: cada nascer, cada anoitecer, mas não. Não, não estou dizendo que não o é para ti, pode até ser e, na verdade, até espero que sejas...Quanto menos baros a deriva, mais seguro...ME deixem sozinho, nem que a lua desista de minha companhia, quero ficar aqui,solitário, andando em círculos que já desbravei mil vezes apenas hoje (e o sol nem se escondeu)
Mas é verdade que alguns planos me vieram com as nuvens, planos esses que ajudarão a passar os dias de solidão. Não, não entrei em contradição ou virei meus olhos pro que as nuvens trouxeram é que todos esses dias de outono que passo aqui, solitário, nessa nau que aos poucos se torna negra, faço planos, brinco de deus e até vejo ilhas que nem existem...preciso de algo para me ajudar durante essa eterna viagem já que nem mesmo meus sonhos lembram como é a sensação da estabilidade de um caminhar na areia com alguém a quem nunca dirás um adeus.
Faço alguns esboços de planos porque se algo pode ser verdade no que digo, é que os dias são anulados quando pensamos em alguns amanheceres à frente...tudo é tão pequeno comparado àquilo que desejamos tanto ver, embora nunca tenhamos o que foi tão necessário. A viagem sempre parece mais rápida quando se olha para as ondas que quebram na proa da nau do que quando se olha para o horizonte que sempre te observa, num imenso sorriso reto que apenas muda de cor...