segunda-feira, 9 de março de 2009

Numa manhã cinza e gélida

...de fato, não há nada para se dizer numa manhã que desponta cinza e gélida. "Nada melhor do que o nascer do sol para mudar a figura das coisas", disse Saramago. Mas onde está o sol numa manhã cinza? ele está lá, no lugar onde sempre esteve,alimentando nossa fantasia de um "renascer" para que pensemos que tudo nasce do brilho e morre no abraço com a escuridão..não aguentaríamos viver sabendo que esse "renascer" não é nada mais do que um movimento eterno e infinito onde, até memso o sol, está preso. Como se confortaria o sol se não tem ninguém para doar-lhe luz?
talvez o confortem mostrando-lhe a certeza que um dia morrerá,apagar-se-á...descansará. O que farei com meus sete-sóis?sete prisões dançando sordenados numa orbita oscilante.
não há nada para se falar numa manhã que amanhece já com as cores de uma gélida morte, me resta pensar no amor, já que o sol anda escondido por entre as nuvens d'água e, sem seu brilho, numa manhã como essa, é dificil saber se está vivo ou não.Não há dor, não há sangue, muito menos alma. Mas uma coisa que sempre está cá dentro de mim...a saudade que tanto canto por esses mares, esse amor que penso em espalhar pelas ondas, se as ondas tocassem meu barco nessa manhã cinza e gélida.
Sabes quando, em pleno dia, acordas cedo e sentes que todos estão a dormir? cada qual com seu sonho, cada qual em sua posição de dormir...nem mesmo os casais dormem juntos (aquele abre mais os braços, e aquel se encolhe qual um animal indefeso)..Sabes quando não te resta dúvidas que serás sempre só, como essa manhã gélida e cinza?
Podes até teres trezentos e sessenta e cinco dias de sol à pino, mas sempre terás uma manhã dessa, nem que ela dure cinco minutos,seja de frente à uma floresta, seja de frente ao mar, sempre haverá um lugar onde o sol parecerá cinza.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Apelo às estrelas

Ao meu herói

Como era fácil assumir minha solidão enquanto eu tinha certeza de tua eternidade, mas, agora, como ficarei?
Pra onde vai meu poeta, minha isnpiração?
Pra onde vai meu heroi,?
Pra onde vai o homem que eu me sentia felizardo em ser ,um dia, a metade do que ele foi?
Me deixa com suas historias,me deixa com auqele sorriso fácil, mas, por favor, não me deixa.
Quem contará as historias naquela mesa num domingo a noite que, por muitas vezes fiquei duvidos da veracidade, mas era só o seu modo de deixar tudo mais bonito (a vida precisava de alegoria)?
Que historias eu me agarrarei para construir meu futuro?
Pra onde vai aquela cara de sono e a dúvida se eu bebi ou não durante a noite?
Meu poetinha, pai-heroi, caminha até as estrelas..é teu lugar e me olha, talvez, reze, mas nunca se esqueça de mim...o senhor é tudo que eu quero ser um dia, mas sei que nunca conseguirei, estou longe de ter asas para ser um anjo.
Leva contigo minha juventude tardia, minha alegria, meu direito de sonhar...pois é tudo que és e sempre serás pra mim.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

saudade numa dó menor

E pelo quarto que um abajour ilumina, percorre uma nota triste de piano. Não se sabe de onde vem essa melodia, talvez até mesmo de sua cabeça.Ela simplesmente nasce e percorre todos os cantos desse cárcere, bailando , rodopiando por entre as estátuas que olham eternamente para ele como se perguntassem a quem não sabe de nada o "por que?".
Sem mais nada. Tudo parece ter mudado nessa eternidade de paz ligeiramente atormentada. O sentido da vida lhe foge dos pensamentos, a felicidade é brisa e a saudade é o timoneiro dessa nau. não vive o presente hoje, deixa para vivê-lo amanhã, onde estará na caixa do passado lacrada pela chave da saudade.É como se fosse para ele uma fuga, o não ver,o encolhimento e o refugio entre os lençois de uma criança que vê o mosntro do armário diante de sua cama. Nada há para ser mudado, no entanto a certeza de que o medo é por causa do fato de poder imaginar, também traz consigo a possibilidade de ser tudo mentira, da vida ser bela, e das pessoas amáveis e confiáveis.
A noite é sempre eterna para quem espera, seja o amanhecer para lhe ofuscar os olhos ou os passos ansiosos de alguém que chega de viagem.
"queria te abraçar e te ouvir dizer que estava com saudades" como apenas esse emaranhado de palavras expulsam aquela eternidade de saudade, de sofrimento, e incansáveis perguntas à lua.
Sempre á mil formas de se percorrer um caminho,isso é verdade, mas alguém me diga uma outra forma de ter saudades sem que o tempo pare e as madrugadas sejam tão eternas.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

sonhos mortos e esperanças destiladas

...E tudo é igual à noite anterior. O bar, as mesas, as garrafas que estão na prateleiras postas a serem desalmadas. ela se senta no mesmo lugar de sempra, no balcão de frente para as bebidas, onde sempre admira a morte do que é tanta vida para a maioria. Seu corpo frágil, inclinado para a frente, o suficiente para encostar seus finos cotovelos no balcão. Pede a mesma bebida de sempre: - por favor, um gim com tônica.
O garçom já não fala nada, nada pior do que perguntar à alguém que não vive se tem novidades.
Não fala com ninguém , apesar de cumprimentar quase todos com seu velho sorriso amarelo por causa da nicotina. Apenas declina sempre sua cabeça como quem procura ler algo escondido entre as frestas da madeira do balcão.
Antes sua cabeça pensava, procurava respostas, hoje apenas um vazio lhe percorre o que fora sonhos. Seus cabelo ruivos chama a atenção de longe, como uma cortina que foi esquecida pelo empregado do teatro após o show. Os presentes no bar passa-lhes como imagens que um fotografo qualquer fez questão de deixar a velocidade da máquina no infinito, captando,assim, apenas vultos, cores, rastros de luz.
Todas as noites são assim, todas a conhecem, mas ninguém nunca lhe perguntou porque sua cabeça e seus olhos nunca saem da bebida, porque nunca tem amigos de peito, mas, na sua bolsa nunca falta cigarros.
Seus olhos sempre estão rpesos nas garrafas com líquidos coloridos e é como se ela visse, nesses liquidos cromaticos os mesmos sonhos que morreram prematuros no coração de alguém de vinte anos...nada mais resta a fazer quando os sonhos nunca nascem, quando apenas chutam sua barriga....

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

pequenino fantasma com cheiro de saudade

...E também me pergunto de que adianta ficar trazendo de volta as lembranças que se foram, do que foi mas já não é, dessa conformada visão dos tantos mil que já fomos. Me perco ao pensar que é sempre um meio de tentar valorizar o que tenho hoje, embora não tenha sido nada disso que desejei.
Bailando com meus fantasmas cheio de cheiros de saudade, me vejo brincando com uma barquinho de papel num pequeno círculo cavado na areia onde as ondas desistem de perseguir os pés de quem andam pela praia perdido no horizonte ou nos cabelos daquela estranha que olha com desdém para as algas mortas na praia.
Antes eu era um menino que sonhava em navegar, ser piloto de alguma nave que ainda não iventaram, mas ninguém nunca me avisou que só pilota uma nave sozinho, só se navega sozinho, só se ama sozinho.
Ninguém me avisou da dor, daquilo que eu teria que procurar, mesmo sabendo que jamais encontraria...ninguém me avisou que aquele temido monstro era minha própria sombra que sempre sabia ds.
E eu brincava com pipas,construia castelos de cartas que o vento sempre levava.Levava a pipa para longe dos meus pequeninos braços e colocava sempre aquele meu forte de paus e copas abaixo em segundos...
...ninguém nunca me falou que aquele vento que eu tanto amaldiçoava com palavras milenares mas com voz de menino seria minha única esperança para um dia poder sair dessa ilha que sempre me acompanha dentro dessa nau.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Aquela varanda

...E tudo que eu queria agora era estar naquela varanda que imaginei e que tu, distante, nem imaginas, mas tentar-te-ei, te dizer como ela é.
Ela tem o piso de madeira, onde espero ansioso escutar teus passinhos cada vez mais fortes, assim como as batidas do meu coração.Tem uma mesinha onde me lembra que a distancia que esse mar faz já não é mais nada...apenas estico meu braço e encosto em ti. Nessa nossa varandinha há flores penduradas em cestos artesanais, nos quais algumas folhas caem por suas bordas.
Eu simplesmente paro e te olho enquanto procuras algo no horizonte já escuro. A cidade , nesse nosso bairro calmo, parece aquelas pérolas de luz jogadas num campo escuro. Não falo nada. Me olhas tímida. Pego tua mão. Beijo-a. Ah, como sofri esses dias de eternidade procurando por esse segundo que também é eterno. Me perdoas por simplesmente não poder vir antes? Me perdoas por parecer um louco na bebida tentando esquecer a nossa antiga distancia? me perdoas por te raptar em segredo e te por do meu lado, no mar, escutando aquela musica de promessas de amor?
Não fala nada. Deixa que eu veja tuas buchechas ficarem rosa enquanto te digo que te seguirei até depois da morte (I will follow you into the dark. Come away with me into the night).
Me deixa ficar aqui, mesmo que estejas dormindo agora, mesmo que o destino me jogue num tornado para milhas de eternidade...Me deixa ficar aqui...Volta...

...Essa varandinha sempre estará aqui, no lugar onde sempre estarás

[B]em que te vejo...
[M]uito que te quero...

Carta ao mar III

..E por estar sempre no mar com os olhos no horizonte, talvez nunca veja teu jardim florescer numa ilha perdida onde o mar e o céu se abraçam e que o sol se esconde timido e suavemente nesse abraço. Tudo deveria ser diferente mas onde está provado que o sol nasce? onde está provado que a lua estará sempre aqui comigo? e essas nuvens, o que trazem denovo o que é novo?Tudo deveria ser diferente: cada nascer, cada anoitecer, mas não. Não, não estou dizendo que não o é para ti, pode até ser e, na verdade, até espero que sejas...Quanto menos baros a deriva, mais seguro...ME deixem sozinho, nem que a lua desista de minha companhia, quero ficar aqui,solitário, andando em círculos que já desbravei mil vezes apenas hoje (e o sol nem se escondeu)
Mas é verdade que alguns planos me vieram com as nuvens, planos esses que ajudarão a passar os dias de solidão. Não, não entrei em contradição ou virei meus olhos pro que as nuvens trouxeram é que todos esses dias de outono que passo aqui, solitário, nessa nau que aos poucos se torna negra, faço planos, brinco de deus e até vejo ilhas que nem existem...preciso de algo para me ajudar durante essa eterna viagem já que nem mesmo meus sonhos lembram como é a sensação da estabilidade de um caminhar na areia com alguém a quem nunca dirás um adeus.
Faço alguns esboços de planos porque se algo pode ser verdade no que digo, é que os dias são anulados quando pensamos em alguns amanheceres à frente...tudo é tão pequeno comparado àquilo que desejamos tanto ver, embora nunca tenhamos o que foi tão necessário. A viagem sempre parece mais rápida quando se olha para as ondas que quebram na proa da nau do que quando se olha para o horizonte que sempre te observa, num imenso sorriso reto que apenas muda de cor...