segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A flor e a nuvem

Para minha pequena jeanne

Que também seja bendito e malogrado o fato de não sermos iguais.
Por um acaso, já viste duas estrelas iguais?
Esteve, em algum lugar, escrto que seremos a partir do dia que choramos pela primeira vez,no parto. uns gritam, outros choram e outros nascem calados.Estranho,não?
Agora, nesse momento, penso em nós: como os ventos sopram diferente para nós.
nasceste para seres uma flor que sempre encanta e dá alegria num simples olhar de algum maldito ou apaixonado (ou a união dos últimos dois adjetivos).
Por minha vez, sou nuvem que, quando tímido, talvez encante, rubro, um pôr-do-sol. Quando furioso, mas cheio de vida, assusto os marinheiros e as pesoas na praia se recolhem com medo de minha cinzenta aparência.
Por fim, nasceste para seres regada com amor e gostas tristes da nuvens que choram. Eu, em minha vez, nasci para vagar e morrer todos os dias para que continues viva e bela, para alegrar os corações de quem ama.

sábado, 25 de outubro de 2008

Aquele sax e aquela lua

...Ah, e como o som daquele sax me trouxe teu cheiro. envolto nas nuvens azuis da madrugada,meus pensamentos deixaram minh'alma solitária e correram à te procurar.Estais distante, tão distante que o próprio pensamento se perde entra as esquinas e tropeçam nos ébrios, acabando por ter que te reinventar para , só assim, te ter.
Qual é a cor do muro de tua nova casa?quais os teus primeiros pensamentos quando o sol desponta? não sei vai ser sempre a resposta para alguém que ama o que já foi e vive de ilusões criadas pela madrugada e seus sóis (isso! de uns tempos para cá, minhas madrugadas são mais claras que o alvorecer para quem ama.)
Nesse instante, sinto a noite secular. Me aproveito para te criar entre meus universos oníricos.
Ah, será que um dia ainda te lembras de mim? lembra de nossas gargalhadas hoje mudas pela tua ausência? e quantos hão de te oferecer as estrelas e o amor que já te dei?
mais uma vez, o "não sei" envolve minhas mão enquanto escrevo essas palavras para ninguém.
Mas, se um dia, meu olhar percorrer mais uma vez nosso passado tão presente e, nele, trouxer o espirito dos amantes que já não somos, tentarei te apagar (como todos os sons de sax) pensando que "tinha que ser assim" , frágil justificativa para o fracasso. Mas, te peço só uma coisa: nunca deixes que outras estrelas apaguem meu nome que escrevi na lua que foi, é e sempre será tua...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

àquela que dorme enquanto sonho

...então foi dito: tudo passa. Andando pelas ruas laranjas de uma madrugada solitária, sinto essa frase percorrer meus ossos. Onde está aquele grande amor? aqueles sonhos e fantasias que criei ao som de uma sonata que falava do luar?
Meus passos sucedem como quem adia uma queda que virá, ao som de uma música que jamais sonhei. Penso em ti (jamais mentirei) e até sinto saudades daqueles campos onde imaginei sentados, tú e eu, mas que jamais soubeste. Agora meu cigarro se assemelha com minha vida: acabando-se a cada minuto e restando apenas as cinzas.
Mas, nessa cambaleante fuga, me vejo, não evitando cair, mas procurando, com esses braços que foram teus, um abrigo para o frio que me assola.
Onde estais?será que sonhas enquanto penso em ti com os olhos no horizonte?Não sei. Talvez até mesmo aquela magia que ficou do calor de um abraço tenha se evanescido com a distancia. Mas sinto-te perto de mim, insanamente pensando, se perdendo dentro dos meus braços e pedindo para afastar os monstros que te perturbam em teus sonhos (tão longe dos meus).
Enfim, dentro dessa realidade sem futuro e sem passado, vejo-te como o único vento que oscilará minhas tímidas velas à procura de...talvez nem eu saiba, mas me convidas para um mar onde, se não aceitar, me perderei nos enlaçes do "e se..."


Que, embora durmas agora, meus braços te levem o calor dessas madrugadas frias que vivi a pensar em ti, nesse meu velho vício de procurar em outros braços os teus abraços...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

canção do vento na proa

...Por favor, não penses que a liberdade é algo tão glorioso ao ponto de se tornar o sentido de tua vida.Me perguntas, então, o que vem a ser a liberdade para mim.
Respondo-te que a liberdade é a carona nos ventos, os espelhos nos raios solares e as cores d'um por-do-sol. É teres o controle do leme, a direção das velas e o mar inteiro para percorrer.Achas atrativo, querias viver assim pelo mar à deriva, "em cada porto um amor"?
Deixa-me te falar sobre uma noite nessa tal "liberdade"...
Estarás debaixo de um céu estrelado que , lembrarás, já deste essas estrelas n'algum amor do passado passado; a maresia acariciará teus cabelos como algum amante outrora o fez e o vento soprará na proa do barco de carregando, cheio de saudades, para o cheiro daquela canção e do perfume daquelas rosas daquela pracinha tímida, mas que se transformava num império quando tuas mão estavam entrelaçadas com a do grande amor que ficou pra trás quando escolheste, ironia, a liberdade.
Não te iludas com o soneto da liberdade que as sereias proclamam, senão, quando estiveres no mar alto, verás que já não tens mais pra quem voltar - os amores ficaram na práia,inundados de lágrima vendo teu barco egoísta partir - e já não tens mais planos de futuro (desses que só o amor constroi) tens apenas o vazio...tens a imensidão do mar pra ti, mas não terás, nunca mais, para quem contar...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Entre candelabros e luares.

..isso mesmo, porque todas as estrelas estão se apagando e o que foi já não mais o é.
Aquele tango que esculpia em sons um amor cambaleante na rua é apenas uma breve repetição do que, nem no antigo presente, era real.
Eis a grande questão da vida: parece que não vivemos no real.Olhamos para o futuro inexistente pensando no passado que já não volta, e se volta, nossa mente errônea trás com compaixão e com permitida deturpação, os beijos e abraços agora afogados nesse mar de nostalgia.
continuo procurando saber os motivos, razões e circunstância que me fazem me trancafiar num porão escuro de uma nau perdida, entre o candelabro e o luar, para escrever tais coisas em vez de estar olhando a lua que roubou tantaluz do sol para iluminar almas como a minha. Não sei, mas acredito que seja para burlar um pouco essa malha do tempo que me prende, me rodopia e me atira nos braços das lembranças luminosas e perseguidoras. Sou fantoche dessa rede.
No mais, continuarei aqui no porão, hoje a noite está nostalgica demais para alguém que só quer ver o tempo passar por entre os dedos...

- Sentes saudades enquanto durmo?

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

memorial da madrugada

E é de tudo isso que sinto falta,
Desse piano que toca a sonata das minhas madrugadas
Desses poemas que escrevo no breu do meu mundo,
Desses sonhos que abro os olhos para vive-los

Isso me faz falta,
Da mulher que persigo em nuvens brancas,
Das águas azuis do amanhecer
Daqueles pássaros que cantam enquanto durmo

Sinto falta desses amigos,
Dessa mulher que me abraça,
Daquele ébrio que cambaleia perdido na felicidade,
Das perdidas colhendo migalhas de amor pelas esquinas.

Grande falta me faz
Desse sentido da vida,
Dessas lágrimas que rolam e queimam
Dessa boca que me faz voar.

Sinto essa falta de dormir,
Daquele sol que queima meu rosto risonho,
Sinto falta dessa alegria de viver
E dessa juventude sonhadora e cada dia mais distante
Em que a morte,tímida, não se anuncia.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Amor à uma estrela

Para T.B


Não, isso nunca vai ser possível! Como pode a realidade egoísta roubar ela dos meus sonhos?

Todos os dias, eternamente, ela estará sentada no alto daquela colina. As árvores parecem fezer fila para chamarem sua atenção, mas em vão.Seu olhar bailará com a contemplação desses meus que espreita daqui de baixo, nesse mangue. Não, nunca saias daí, fiques, embora nunca me vejas.Talvez seja até melhor!
ah, mas como eu contemplo esse olhar de estrela, distante e de imenso brilho! Como imagino meus olhos fechando-se num abraço de despedia! Como vejo seu olhar na lua cheia, iluminando a saudade de quem ficou mais uma vez na praia.
Mas não, não posso amá-la.Posso sim! mas ela não poderá me ver jamais!O tempo já corroe meus traços todos os dias, ao ponto de me sentir como um esboço do que foi um nada...Mas como não desejar acariciar esses cabelos, que explodem faiscantes à luz do sol?como não? embora estejas nos meus sonhos, sonhar com seu abraço?como não imaginar o amor eterno que lhe ofereceria espalhando o chão com as estrelas que eu buscaria para ela?!
Posso amá-la, mas nunca poderei tê-la...assim como à própria lua que agora me vê sentado a sonhar com ela.
Digo-te baixinho, para não escutares daí, onde sonhas em paz...
Minha pequena, juro amar-te como as estrelas.Um amor com luz intensa e eterna...mas sempre muito distante...