quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Carta ao mar III

..E por estar sempre no mar com os olhos no horizonte, talvez nunca veja teu jardim florescer numa ilha perdida onde o mar e o céu se abraçam e que o sol se esconde timido e suavemente nesse abraço. Tudo deveria ser diferente mas onde está provado que o sol nasce? onde está provado que a lua estará sempre aqui comigo? e essas nuvens, o que trazem denovo o que é novo?Tudo deveria ser diferente: cada nascer, cada anoitecer, mas não. Não, não estou dizendo que não o é para ti, pode até ser e, na verdade, até espero que sejas...Quanto menos baros a deriva, mais seguro...ME deixem sozinho, nem que a lua desista de minha companhia, quero ficar aqui,solitário, andando em círculos que já desbravei mil vezes apenas hoje (e o sol nem se escondeu)
Mas é verdade que alguns planos me vieram com as nuvens, planos esses que ajudarão a passar os dias de solidão. Não, não entrei em contradição ou virei meus olhos pro que as nuvens trouxeram é que todos esses dias de outono que passo aqui, solitário, nessa nau que aos poucos se torna negra, faço planos, brinco de deus e até vejo ilhas que nem existem...preciso de algo para me ajudar durante essa eterna viagem já que nem mesmo meus sonhos lembram como é a sensação da estabilidade de um caminhar na areia com alguém a quem nunca dirás um adeus.
Faço alguns esboços de planos porque se algo pode ser verdade no que digo, é que os dias são anulados quando pensamos em alguns amanheceres à frente...tudo é tão pequeno comparado àquilo que desejamos tanto ver, embora nunca tenhamos o que foi tão necessário. A viagem sempre parece mais rápida quando se olha para as ondas que quebram na proa da nau do que quando se olha para o horizonte que sempre te observa, num imenso sorriso reto que apenas muda de cor...

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