domingo, 7 de setembro de 2008

Carta ao mar I

Não sei pra quem escrevo essa carta que repousará dentre as ondas que me trouxeram para esse lugar sem nome.Não sei se alguém aflito a encontrará, ou se, simplesmente, será esquecida nas pedras de uma ilha de ninuém.Na verdade, escrevo para deixar no mar dos desconhecidos, o testemunho de um coração que bate no horizonte, talvez longe demais de ti, mas vive.
Tú que a encontraste, não levarás consigo nenhuma mensagem de amor ou ódio, verás somente o que alguém chamou de saudade, mas que hoje navega no esquecimento.Sem rumos ou bandeiras, nessas ondas que o vento atiça, um barco já deslizou em busca de um raio de sol ou uma estrela que despencara do céu, mas que talvez nunca tenha sido vivo..um barco de brisa branca e serena pela noite gélida dos que vão.
Sem vida, vagando pela solidão das milhares de luzes no horizonte, sejam luzes de outras naus à deriva ou sejam as ilusões de terra ao horizonte, mas vagando em busca do que já se passou, ou das saudades que ainda virão.
Á ti, que estais descobrindo os sonhos que as letras desenharam. Á ti, que a solidão já bateu na porta pedindo para entrar, peço-te que a deixe entrar enquanto há vida nos teus ares, pois quando se navega nesse mar de nostalgia, nem a própria solidão está ao lado para chorarmos em seu ombro quando um crepúsculo se anuncia, trazendo ,consigo, os cheiros da casa que um dia deixamos para correr atrás daquela estrela que morreu...

Aceitai a solidão que pinta os luares e perfuma o que passou e nunca deixe que te ceguem as estrelas do infinito.Um dia, as estrelas se apagarão e não te restará nem mesmo a solidão nesses mares desertos, sem a lua que desenha com lápis de luz no mar, sem a fronteira do que é e o que já passou.

Um comentário:

lcss disse...

irei soprar junto com o vento pra fazer essa carta chegar a uma ilha que está precisando ouvir essas sábias palavras de um velho marinheiro...