Faz vários dias que o mar está calmo e sol desponta querendo me fazer sorrir, como se seus raios arqueassem meus lábios num sorriso lunar. O vento que soprou trouxe consigo um cheiro que pintou de tormenta o horizonte no amanhecer.
esse cheiro me fez lembrar daquela linda ilha que outrora visitei, mas, por mostrar tantas belezas para meus olhos tão cinzentos, tiveque abandonar.
Nela eu a conheci. Prefiro chamar "ela" porque não interessa, nesse infinito mar, que alguém saiba de quem se trata, já que "ela" representa uma ilha, um sonho, uma saudade sem razão de ser.
Seus montes eram verdes, suas águas cristalinas e o vento soprava calmamente, como seu um deus jogasse seu manto para protegê-la e , penso eu, de fato era o que acontecia..um deus a protegia de todos os males desses mares..talvez até mesmo de mim.
Ancorei na costa leste, onde as pedras eram floridas e a áua transparente. confesso que pensei em nunca mais voltar pro mar e seus mistérios mas , como todo velho marinheiro, hesitei diante de tanta beleza.
Eu sempre me perguntava se aquela ilha existia ou se era mais uma visão como tantas outras que me apareceram nessa vida...nesse barco de tantas velas, de casco contruído com o que sobrou de tudo que já não é.
Resolvi não sair do barco, apenas circulá-la, apreciar sua passagem e as cores dos seus cheiros. Mas como não entrar na ilha? como ir embora sem saber se aquele seria meu último porto? resolvi mergulhar próximo ao barco, onde seria mais seguro. Meu barco é tudo que de mais precioso tenho, apesar e sua cinzenta cor e de suas velas tão tristes. Mergulhei e, dentro daquele lençol vítreo, pude ver os peixes coloridos rodeando aquela ilha como se a protegessem do mar, de mim ou de todos que não viessem para ficar. diante de tantas cores, acreditei mesmo estar sonhando, resolvi olhar para o barco e vi algo inesperado. Aquele barco que sempre me carregou por tantas ilhas, me salvou de tantos furacões, estava sereno. O sol refletia em seu casco e as velas estavam suavemente baixas como se, enfim, tivessem encontrado o descanso merecido por tantas tempestades, me pareceu, pela primeira vez, que aquele barco sedento pelos mares escuros estava em paz e disposto a nunca mais sair.
Peguei uma pedra que o mar , há milênios, tentou dar, empurrando-a com as ondas. Voltei a superfície e fiquei surpreso quando vi que o meu barco se tornara cinza novamente (nunca soube a verdade) . Escutei o rengido do seu timor e suas velas se abriram como as asas de um albatroz e, quando percebi, a ilha já era um pequeno ponto de luz no horizonte escuro...cada vez menor.
Esse cheiro que senti hoje pela manhã me trouxe a isão dessa ilha iluminada e protegida por algum deus que, da mesma forma como a protege das tempestades do mar, protege ela de mim...soprando contra as velas do meu cinzento barco para longe...longe...até onde eu não possa mais ver suas radiações tão confortante. Não sei o que aconteceu de fato, mas penso todos os dias onde é meu lugar, se voltarei um dia e aquele deus me deixará aportar ( juro como desmancharia meu barco e construiria uma linda casinha branca no alto do mais lindo monte com suas madeiras tão cheias de mim) ou se meu destino é sempre vagar sem nunca encontrar um porto onde eu possa descansar em paz. Desculpem-me, mas esqueci de dizer que meu barco é grande demais para aportar...talvez meu destino seja navegar por mares profundos até que um dia um furacão tenha piedade de mim e me leve para junto dos meus amigos afogados.Só eles sabem como é a vida de um marinheiro onda a saudade é o timoneiro.
No mais, levo aquela pera que seria o rpesente do mar comigo. Quem sabe o mar, insatisfeito com o roubo do seu presente, leve meu barco de volta. Se não, essa pedra sempre vai me lembrar, com suas, cores aquela felicidade que nunca existiu e eu sentirei saudades, mas também saberei que um dia, vi o que seria a paz de alguém que vaga e meu barco solitário barco refletiria como um diamante, as sete cores da paz.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
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3 comentários:
coragem p/ desbravar mares revoltos e tempestades, mas medo de enfrentar a realidade ou medo de tentar transformá-la...
vai que estás navegando em círculo?! fica olhando pro horizonte...talvez aquela ilha te apareça novamente
"mas cada um de nós é um barco em si mesmo, navegando pela vida. se conseguirmos levar nossa carga ao porto mais próximo, nossa vida não terá sido em vão."
coincidentemente (?) vi isso hoje no livro que to lendo
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