sinceramente, acredito que não haja nada mais majestoso e hilério do que o amor. O amor não, os que amam, os que vêem um céu diferente todos os dias, os que escutam com deleite a voz das rosas chamando para serem sacrificadas e presenteadas à alguém bem amado.Isso é majestoso.
De quando em vez me vejo também rindo sem saber o porque de tanta credulidade em algo que é tão sólido quanto um pensamento. Não sei! estou escrevendo só por ecrever, por talvez ainda por saber como um amante atua no palco e como um espectador, entediado, aplaude silenciosamente o espetáculo. Acho que escrevo como um náufrago que vê o seu último amor dentro de uma garrafa e a atira ao mar por saber que um mar em tempestade, ainda é o lugar mais seguro para o amor do que dentro de si.
Isso é um fluxo de consiência, pensamentos e sentimentos, não me peçam nexos ou sentidos. Estou falando de amor, desse amor que geralmente falamos para a lua, para uma garrafa de bebida, ou para aquele olhar piedoso de um cão. Esse amor que não vejo mais, mas sua brisa ainda entra pela janela numa noite de "olhar preso no teto buscando uma chama".Consegues entender?
Perguntei se compreendes por ter a certeza que estamos nos comunicando,na verdade, não me importa se vais entender ou não, não escrevo para você. Escrevo, creio eu, para poder ler e procurar um sentido nas palavras que eu mesmo desenho. "o diabo está nos mínimos detalhes" e é por isso que o caço, para, enfim, poder conhecer o dom de um deus louco, ou um demônio de compaixões, mas não quero continuar nessa ilha perdida e sem ventos para levantar as velas.
Não, não falei isso que estais pensando, tentei falar do amor.Tentei me esquecer, ou esquivar, da realidade de que , para quem não ama, o amor é mudo.
sábado, 30 de agosto de 2008
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Saudade
Sinto saudade daquela saudade
Que me fazia olhar para a lua
Pensando ver a pessoa amada.
Sinto saudade daquela saudade
Que me fazia gritar pela rua
Que já amava e que nada podia fazer
Sinto saudade daquela saudade
Que me fazia imaginar toda ela toda nua
Com sua cara fingindo me querer.
Sinto saudade daquela saudade
Que me fazia acreditar ser uma
A mulher que daria razão ao meu viver.
Mas, de todas, a que sinto mais saudade
É saudade daquela nostálgica saudade:
Saudade de sentir saudade.
Que me fazia olhar para a lua
Pensando ver a pessoa amada.
Sinto saudade daquela saudade
Que me fazia gritar pela rua
Que já amava e que nada podia fazer
Sinto saudade daquela saudade
Que me fazia imaginar toda ela toda nua
Com sua cara fingindo me querer.
Sinto saudade daquela saudade
Que me fazia acreditar ser uma
A mulher que daria razão ao meu viver.
Mas, de todas, a que sinto mais saudade
É saudade daquela nostálgica saudade:
Saudade de sentir saudade.
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
Sobre flores e estrelas
Para Pâmella
e a vida se desfez
as folhas que caem,
carregam consigo as nuvens
com seus coelhos e algodões celestiais.
ela caminha pela estrada branca carregando o véu da saudade,
não deixa rastros pela vida,
e seus passo se perdem pelo caminho.
Os amores são deixados nas rosas,
o sol se põe vagarosamente em sua frente.
uma noite sem estrelas e o vento que sopra não levanta as velas na praia,
caminha por esta estrada,
vai de de encontro a escuridão,
mas não esqueça da solidão do espaço
nem da imortalidade das estrelas...
e a vida se desfez
as folhas que caem,
carregam consigo as nuvens
com seus coelhos e algodões celestiais.
ela caminha pela estrada branca carregando o véu da saudade,
não deixa rastros pela vida,
e seus passo se perdem pelo caminho.
Os amores são deixados nas rosas,
o sol se põe vagarosamente em sua frente.
uma noite sem estrelas e o vento que sopra não levanta as velas na praia,
caminha por esta estrada,
vai de de encontro a escuridão,
mas não esqueça da solidão do espaço
nem da imortalidade das estrelas...
princesa da saudade
Para a rubra estrela do mar.
Para aquela, que meus braços eternos beijaram tão pouco,
que meus sonhos procuraram tão em vão,
Que a saudade foi mais passageira em seu olhar.
Sem respeitar o tempo,
sua dependência pela imortalidade
e seu cheiro que me abrem em pedaços.
sua lembrança me mantém acordado depois do espasmo da nostalgia.
sem querer, ainda penso em ti,
nas rosas que acaricias,no vento que esqueces
e na agua que te banha com movimento de despedida.
penso cada vez mais em ti,
naquilo que me faz falta dentre tuas mãos,
do que me preenche enquanto dormes,
dos sonhos que jamais poderei roubar.
No mais, teu fatasma me assola o quarto,
me rouba a a insônia mas, dentre esses furtos oníricos,
o que mais sinto falta, são os sonhos que te vejo,
sentada, com o olhar perdido no horizonte,
no mar onde nunca navegarei...
Para aquela, que meus braços eternos beijaram tão pouco,
que meus sonhos procuraram tão em vão,
Que a saudade foi mais passageira em seu olhar.
Sem respeitar o tempo,
sua dependência pela imortalidade
e seu cheiro que me abrem em pedaços.
sua lembrança me mantém acordado depois do espasmo da nostalgia.
sem querer, ainda penso em ti,
nas rosas que acaricias,no vento que esqueces
e na agua que te banha com movimento de despedida.
penso cada vez mais em ti,
naquilo que me faz falta dentre tuas mãos,
do que me preenche enquanto dormes,
dos sonhos que jamais poderei roubar.
No mais, teu fatasma me assola o quarto,
me rouba a a insônia mas, dentre esses furtos oníricos,
o que mais sinto falta, são os sonhos que te vejo,
sentada, com o olhar perdido no horizonte,
no mar onde nunca navegarei...
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
A encantadora de lagos
Á Bárbara Müller
Então ela caminha cuidadosamente,
o verde da paisagem desenha o vento em seu rosto,
e seus cabelo são raios roubados do sol.
Talvez tenha medo de cair,chorar,sorrir,
seus passos não voltam,sua mão acaricia o vento
e o barco esquecido chora a distancia de suas mãos.
Ao caminhar pela beira daquele lago encantado,
As folhas das copas se esticam para que possam ser tocadas
umas sobre as outras, as ondas a seguem.
seus olhos de sonhos dourados percorrem o horizonte,
sem passado nem futuro, só vento e flores,
apenas a lembrança daquele céu azul que alguém pintou de verde,
vai, menina de cabelos de ouro,
que já encantaste esse lago,
procura agora aquela cachoeira de pérolas
dos teus sonhos de menina-mulher.
Então ela caminha cuidadosamente,
o verde da paisagem desenha o vento em seu rosto,
e seus cabelo são raios roubados do sol.
Talvez tenha medo de cair,chorar,sorrir,
seus passos não voltam,sua mão acaricia o vento
e o barco esquecido chora a distancia de suas mãos.
Ao caminhar pela beira daquele lago encantado,
As folhas das copas se esticam para que possam ser tocadas
umas sobre as outras, as ondas a seguem.
seus olhos de sonhos dourados percorrem o horizonte,
sem passado nem futuro, só vento e flores,
apenas a lembrança daquele céu azul que alguém pintou de verde,
vai, menina de cabelos de ouro,
que já encantaste esse lago,
procura agora aquela cachoeira de pérolas
dos teus sonhos de menina-mulher.
Deixo
Deixo, nessa noite iluminada,
Dentro de um abraço que fala de saudade,
O que deixarei quando me chamarem de sonho.
Deixo aquele abraços,
Mas já sem meus braços.
Deixo aquele beijo,
Mas já sem aquele desejo.
Deixo aquele luar,
Que chora por um olhar.
Deixo aquela amada,
Que chora num canto tão cansada.
Deixo para aqueles amigos,
Aqueles segredos de ouvido.
Deixo aquela cidade calada,
Que escuta hoje só o som das minhas passadas.
No fim,
Deixo para a vida,
Aquela minha vida
Que continuará sem mim...
Dentro de um abraço que fala de saudade,
O que deixarei quando me chamarem de sonho.
Deixo aquele abraços,
Mas já sem meus braços.
Deixo aquele beijo,
Mas já sem aquele desejo.
Deixo aquele luar,
Que chora por um olhar.
Deixo aquela amada,
Que chora num canto tão cansada.
Deixo para aqueles amigos,
Aqueles segredos de ouvido.
Deixo aquela cidade calada,
Que escuta hoje só o som das minhas passadas.
No fim,
Deixo para a vida,
Aquela minha vida
Que continuará sem mim...
terça-feira, 19 de agosto de 2008
reflexão no alvorecer das flores
Vendo a luz que desliza pela janela,
vendo o "não ser" diante dos olhos,
olhando essa luz que me procura por entre os quadros,
nessa angustia de "ser" e "nem ser".
E essa luz que entra?
nem é o alvorecer das flores,
nem crepúsculo chorão,
são só passos do relógio
que me procuram com seus óculos pela escuridão.
E esse coração que bate?
nem é alegria de criança
nem angustia de despededida
é o bater por não saber parar,
para não ser morte o que chamam de vida.
E esse olhar que cai no horizonte de pedras?
nem é a procura do amor,
nem é um refúgio para o tempo,
é o olhar inundado de um vermelho esquecimento.
E essa lágrima que caí?
nem é a alegria do barco que volta,
nem é a carta do filho soldado morto na guerra,
é a solidão de quem vai com o vazio de quem fica.
E esse céu se tingindo de azul?
Nem é o baile da revoada,
nem o olhar do afogado,
é só o deserto de um sentimento que o tempo parou.
E o que é essa vida?
nem é a vontade de chorar da viúva raquítica,
nem é a imortalidade das cartas de amor,
é aquela viagem que já começa com gosto de despedida...
vendo o "não ser" diante dos olhos,
olhando essa luz que me procura por entre os quadros,
nessa angustia de "ser" e "nem ser".
E essa luz que entra?
nem é o alvorecer das flores,
nem crepúsculo chorão,
são só passos do relógio
que me procuram com seus óculos pela escuridão.
E esse coração que bate?
nem é alegria de criança
nem angustia de despededida
é o bater por não saber parar,
para não ser morte o que chamam de vida.
E esse olhar que cai no horizonte de pedras?
nem é a procura do amor,
nem é um refúgio para o tempo,
é o olhar inundado de um vermelho esquecimento.
E essa lágrima que caí?
nem é a alegria do barco que volta,
nem é a carta do filho soldado morto na guerra,
é a solidão de quem vai com o vazio de quem fica.
E esse céu se tingindo de azul?
Nem é o baile da revoada,
nem o olhar do afogado,
é só o deserto de um sentimento que o tempo parou.
E o que é essa vida?
nem é a vontade de chorar da viúva raquítica,
nem é a imortalidade das cartas de amor,
é aquela viagem que já começa com gosto de despedida...
O lar dos deuses
O LAR DOS DEUSES
O branco, nada mais, assim como o início e o fim dos tempos. A presença forte da luz trazida pelo vazio ou a ausência das trevas densas da consciência.
Ouve-se passos irregulares, tais como as batidas de um coração inundado de um amor furioso, misturados com a angústia solitária de quem ama perdidamente. Abstraindo as paredes de concreto e sonhos, deparamo-nos com um ser hominídeo; talvez um homem ou uma consciência fragilizada pela falta da monótona razão.
Anda em extremos de ansiedade e cansaço mas como quem procura nas paredes repletas de vazio e sonhos o que, quiçá só encontre quando fechar os olhos e parar de procurar no vazio de sua loucura um sentido que nunca encontrará posto que nunca existiu desde que o primeiro homem acendeu a primeira faísca.
Abruptamente ouve-se e vê-se o silêncio. Isto mesmo. O silêncio foi visto, não escutado. Este resquício de nada que ora corria como quem queria derrubar de sua cabeça seus sonhos, ora aproveitava a leve brisa que também os sonhos lhes trazia.
Estático, como quem pára de sonhar, mira o copo (única presença de vida em seu quarto preenchido pelo alvo em todos os cantos e móveis mortos construídos por homens menos vivos do que o que agora olha para o copo com água).
Isso é facto! -Diz o morador do quarto branco de fronte ao copo com água-. Facto, facto, facto. Criarei hoje um mundo. Mas que terá nesse mundo? Pergunta-se. Terá pudim de chocolate, isso mesmo, e sorvete de chocolate também. Terá montanhas de sorvete de chocolate. Preciso também fazer mares. Mares de água doce, doce como açúcar. Não haverá água salgada.
Não. Não haverá água. Lembrei que um amigo meu morreu afogado. Isso mesmo. Meu primeiro amigo e, talvez o único, morreu afogado. Estávamos voando juntos e voamos tão alto que ele se afogou no mar do céu, pois o céu é azul porque é o mar; todos sabem disso.
Haverá muita luz, isso sim. Porque quando escurece os monstrinhos que ficam embaixo dos nossos cabelos saem para povoar o mundo. Por isso que rasparam meus cabelos. É verdade! A mulher do toc-toc me falou, e ela sempre fala coisas terríveis sobre os monstros e fantasmas, mas diz também que aqui é o melhor lugar do mundo inteiro para mim; e você já deve ter escutado isso.
Sim, voltemos.
No meu mundo as pessoas vão voar, mas não como voam as pessoas dos outros mundos, elas voarão com as pernas. Porque as asas já são dos anjos. A mulher do toc-toc me fala que, quando fecho os olhos, os anjos, que são homens que moram aqui no teto, vêm me visitar. Ela também traz presentes que eles trazem pra mim. Sempre que escuto o toc-toc é porque vem um presente para mim, é verdade. E eu tenho que aceitar, se não eles ficarão tristes comigo. Ela disse, e ela sempre fala a verdade.
Que barulhos são esses? Eles vêm do outro lado dessas paredes. Mas a mulher do toc-toc diz que pessoas como eu, ela sempre me chama de especial, têm que ficar aqui.
Outra vez estático, o morador do quarto branco levanta o olhar do copo e olha para a parede branca. Dever-se-ia pensar que fita uma paisagem.
Que barulhos são esses? Pergunta-se. Creio conhecer, algo em mim já sentiu esses sonhos.
Ainda mirando fixamente a parede branca, escuta pessoas gritando, outras chorando e, repentinamente, vê na parede branca à sua frente, um casal jantando.
O homem aumenta o tom da voz e corre em direção ao porta talheres. Dentro de uma gaveta encontra um objeto que brilha a meia luz e volta à mesa. Ainda de pé, segurando o objeto resplandecente, o pressiona contra o próprio pulso. O rubro se mistura ao vinho derramado sobre a mesa, que outrora fora romântica. A mulher está debruçada sobre a mesa. A cena também é rubra, mas não por se tratar de uma cena de amor.
Espere, o que estou fazendo aqui? Pergunta-se estupefado.
Olha ao seu redor. Estou preso! Estou preso! Afirma deixando cair uma lágrima salgada sobre os antigos sonhos doces.
Sua boca treme, então ele abaixa a cabeça e levanta a manga do casaco, branco como o quarto, como o próprio vazio. Espantado e em lágrimas, em seus pulsos vê duas cicatrizes feitas por algum objeto cortante e duro contra uma pele frágil e cheia da loucura que o amor traz.
Escuta um barulho parecido com um toc-toc e corre como se pudesse fugir; dentro daquelas paredes brancas tenta se esconder.
A porta abre e uma mulher com uma bandeja entra dizendo: Cá está o presente dos anjos, se você não tomar, eles ficarão tristes. Então, entra no lar dos deuses de instantes atrás, mas ainda louco como qualquer deus.
Encolhido no canto, chorando e tremendo, aceita tal presente que a mulher lhe entrega junto com o confidente de instantes, o copo com água.
Para receber o presente dos anjos é preciso se Deus.
Após tomar o comprimido, a mulher dá as costas e sai. Ele tremendo e chorando permanece encolhido.
Depois de alguns minutos adormecido no lar dos deuses, acorda e olha para o copo novamente cheio.
Então, nessa casa de corredores e quartos brancos, escuta-se, de dentro de um quarto alguém gritar: Facto, facto, isto é um facto!
O branco, nada mais, assim como o início e o fim dos tempos. A presença forte da luz trazida pelo vazio ou a ausência das trevas densas da consciência.
Ouve-se passos irregulares, tais como as batidas de um coração inundado de um amor furioso, misturados com a angústia solitária de quem ama perdidamente. Abstraindo as paredes de concreto e sonhos, deparamo-nos com um ser hominídeo; talvez um homem ou uma consciência fragilizada pela falta da monótona razão.
Anda em extremos de ansiedade e cansaço mas como quem procura nas paredes repletas de vazio e sonhos o que, quiçá só encontre quando fechar os olhos e parar de procurar no vazio de sua loucura um sentido que nunca encontrará posto que nunca existiu desde que o primeiro homem acendeu a primeira faísca.
Abruptamente ouve-se e vê-se o silêncio. Isto mesmo. O silêncio foi visto, não escutado. Este resquício de nada que ora corria como quem queria derrubar de sua cabeça seus sonhos, ora aproveitava a leve brisa que também os sonhos lhes trazia.
Estático, como quem pára de sonhar, mira o copo (única presença de vida em seu quarto preenchido pelo alvo em todos os cantos e móveis mortos construídos por homens menos vivos do que o que agora olha para o copo com água).
Isso é facto! -Diz o morador do quarto branco de fronte ao copo com água-. Facto, facto, facto. Criarei hoje um mundo. Mas que terá nesse mundo? Pergunta-se. Terá pudim de chocolate, isso mesmo, e sorvete de chocolate também. Terá montanhas de sorvete de chocolate. Preciso também fazer mares. Mares de água doce, doce como açúcar. Não haverá água salgada.
Não. Não haverá água. Lembrei que um amigo meu morreu afogado. Isso mesmo. Meu primeiro amigo e, talvez o único, morreu afogado. Estávamos voando juntos e voamos tão alto que ele se afogou no mar do céu, pois o céu é azul porque é o mar; todos sabem disso.
Haverá muita luz, isso sim. Porque quando escurece os monstrinhos que ficam embaixo dos nossos cabelos saem para povoar o mundo. Por isso que rasparam meus cabelos. É verdade! A mulher do toc-toc me falou, e ela sempre fala coisas terríveis sobre os monstros e fantasmas, mas diz também que aqui é o melhor lugar do mundo inteiro para mim; e você já deve ter escutado isso.
Sim, voltemos.
No meu mundo as pessoas vão voar, mas não como voam as pessoas dos outros mundos, elas voarão com as pernas. Porque as asas já são dos anjos. A mulher do toc-toc me fala que, quando fecho os olhos, os anjos, que são homens que moram aqui no teto, vêm me visitar. Ela também traz presentes que eles trazem pra mim. Sempre que escuto o toc-toc é porque vem um presente para mim, é verdade. E eu tenho que aceitar, se não eles ficarão tristes comigo. Ela disse, e ela sempre fala a verdade.
Que barulhos são esses? Eles vêm do outro lado dessas paredes. Mas a mulher do toc-toc diz que pessoas como eu, ela sempre me chama de especial, têm que ficar aqui.
Outra vez estático, o morador do quarto branco levanta o olhar do copo e olha para a parede branca. Dever-se-ia pensar que fita uma paisagem.
Que barulhos são esses? Pergunta-se. Creio conhecer, algo em mim já sentiu esses sonhos.
Ainda mirando fixamente a parede branca, escuta pessoas gritando, outras chorando e, repentinamente, vê na parede branca à sua frente, um casal jantando.
O homem aumenta o tom da voz e corre em direção ao porta talheres. Dentro de uma gaveta encontra um objeto que brilha a meia luz e volta à mesa. Ainda de pé, segurando o objeto resplandecente, o pressiona contra o próprio pulso. O rubro se mistura ao vinho derramado sobre a mesa, que outrora fora romântica. A mulher está debruçada sobre a mesa. A cena também é rubra, mas não por se tratar de uma cena de amor.
Espere, o que estou fazendo aqui? Pergunta-se estupefado.
Olha ao seu redor. Estou preso! Estou preso! Afirma deixando cair uma lágrima salgada sobre os antigos sonhos doces.
Sua boca treme, então ele abaixa a cabeça e levanta a manga do casaco, branco como o quarto, como o próprio vazio. Espantado e em lágrimas, em seus pulsos vê duas cicatrizes feitas por algum objeto cortante e duro contra uma pele frágil e cheia da loucura que o amor traz.
Escuta um barulho parecido com um toc-toc e corre como se pudesse fugir; dentro daquelas paredes brancas tenta se esconder.
A porta abre e uma mulher com uma bandeja entra dizendo: Cá está o presente dos anjos, se você não tomar, eles ficarão tristes. Então, entra no lar dos deuses de instantes atrás, mas ainda louco como qualquer deus.
Encolhido no canto, chorando e tremendo, aceita tal presente que a mulher lhe entrega junto com o confidente de instantes, o copo com água.
Para receber o presente dos anjos é preciso se Deus.
Após tomar o comprimido, a mulher dá as costas e sai. Ele tremendo e chorando permanece encolhido.
Depois de alguns minutos adormecido no lar dos deuses, acorda e olha para o copo novamente cheio.
Então, nessa casa de corredores e quartos brancos, escuta-se, de dentro de um quarto alguém gritar: Facto, facto, isto é um facto!
Diário de um mariheiro de nuvens
Diário de um marinheiro de nuvens
hoje o mar está revolto e preciso me concentrar para não me perder nem naufragar.
A minha vida está tempestuosa, mas aprendi, com o tempo, a saber sentir saudades.
A saudade só chega em noites calmas de verão, quando a lua ilumina nossos rostos no espelho
e hoje foi dia de lua...mas sei que amanhã vou esquecer da saudade
a minha vida está cinza como uma tempestade, mas aprendi, com o tempo, a saber sentir saudades
o simples fato de saber que um segundo não volta mais, ver a vida deslizando por baixo de um barco que nunca se pode dar a volta
mas eu não sou passivo...
só não tento controlar o mar por que o mar não tem controle..
mas aproveito para olhar longe, chegando perto do céu, quando dá uma onda muito alta..
e aproveito para ficar mais próximo dos peixes e das almas dos náufragos quando um redemoinho me puxa para baixo
hoje o mar está revolto e preciso me concentrar para não me perder nem naufragar.
A minha vida está tempestuosa, mas aprendi, com o tempo, a saber sentir saudades.
A saudade só chega em noites calmas de verão, quando a lua ilumina nossos rostos no espelho
e hoje foi dia de lua...mas sei que amanhã vou esquecer da saudade
a minha vida está cinza como uma tempestade, mas aprendi, com o tempo, a saber sentir saudades
o simples fato de saber que um segundo não volta mais, ver a vida deslizando por baixo de um barco que nunca se pode dar a volta
mas eu não sou passivo...
só não tento controlar o mar por que o mar não tem controle..
mas aproveito para olhar longe, chegando perto do céu, quando dá uma onda muito alta..
e aproveito para ficar mais próximo dos peixes e das almas dos náufragos quando um redemoinho me puxa para baixo
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