Vendo a luz que desliza pela janela,
vendo o "não ser" diante dos olhos,
olhando essa luz que me procura por entre os quadros,
nessa angustia de "ser" e "nem ser".
E essa luz que entra?
nem é o alvorecer das flores,
nem crepúsculo chorão,
são só passos do relógio
que me procuram com seus óculos pela escuridão.
E esse coração que bate?
nem é alegria de criança
nem angustia de despededida
é o bater por não saber parar,
para não ser morte o que chamam de vida.
E esse olhar que cai no horizonte de pedras?
nem é a procura do amor,
nem é um refúgio para o tempo,
é o olhar inundado de um vermelho esquecimento.
E essa lágrima que caí?
nem é a alegria do barco que volta,
nem é a carta do filho soldado morto na guerra,
é a solidão de quem vai com o vazio de quem fica.
E esse céu se tingindo de azul?
Nem é o baile da revoada,
nem o olhar do afogado,
é só o deserto de um sentimento que o tempo parou.
E o que é essa vida?
nem é a vontade de chorar da viúva raquítica,
nem é a imortalidade das cartas de amor,
é aquela viagem que já começa com gosto de despedida...
terça-feira, 19 de agosto de 2008
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