segunda-feira, 24 de novembro de 2008

então, fez-se luz.

Hoje fez sol durante as primeiras horas do dia. Para mim foi tudo de uma delicada estranheza:as cores, o vento, tudo parecia brilhante , mas meus olhos, acostumados com a fria noite (moi qui vivais la nuit, moi que dormais le jour) demoraram para abrir. Me esforçei para enxergar algo que valesse à pena, mas minhas mão, em movimento de defesa, combriam meus olhos e meu coração estava acelerado e desconcertado.
Voltei para dentro do barco para tentar pegar as cartas molhadas de lágrimas para secá-las naquela luz tão cortante. Voltei, até com um pouco de sorriso no rosto quase petrificado, e joguei as cartas para cima.Nesse momento, uma nuvem cobriu o sol e os ventos pararam.Nenhuma carta caiu do barco nem secou ao sol do renascer...mais uma vez eu estava na escuridão,rodeado de saudade.

domingo, 23 de novembro de 2008

Onde, Languidamente, Gitou-se um Adeus

confesso que fazia tempo que alguém entrava no meu barco com tanto peso do passado e tanta leveza do vazio. Ela se anuciou, a chamei para subir e na proa nos sentamos. Fazia um luar nostalgico e as ondas que ela trouxem moveram o barco para cima e para baixo.Lembro-me do seu rosto que pintei com a luz da lua.
Ela me deu alguns de seus tesouros enquanto o silêncio tomava conta dos sete mares (sim, nesse momento, todos os mares se acalmaram) eu os recebi como presente de mares longíquos.eu não precisava, e quando recebemos um presente inseperado é como se nos dessem um motivo para sentir saudades, para dizer que nossos ouros e pedras preciosas são apenas brilhos numa noite clara, que o que realmente são tesouros, são essas miudezas que nos fazem fechar os olhos e percorrer os sete mares procurando alguém que talvez nem exista mais. "Ela existe?" foi a primeira pergunta que me surgiu enquanto olhávamos ,por cinquenta minutos de silêncio, o horizonte escuro e oscilante.
Então ela se foi, fantasmagoricamente, antes do nascer do sol.Até hoje não sei se ela veio ao meu barco por piedade, por aviso ou por uma carícia do destino para um marinheiro tão cansado.Não sei se ela era uma ilha perdida,não sei se eu era um barco ancorado nesse fim-de-mundo, só sei que ela levou consigo alguns segredos de minha força contra a dor, que ela seja feliz com meu presente.

continuo vagando nessa noite densa e mais densa por causa desses presentes saudosistas. nunca mais a vi desde essa noite, mas também não a procuro, sei que um dia, numa ilha cheia de flores, usará algum dos presentes que levou de mim...Talvez olhe para o horizonte procurando um galeão maltratado,talvez olhe para o chão cheio de pedras ou para o seu amor, mas, que um dia, ela use os olhos que levou de mim.

Porque tudo é passageiro como uma vírgula, uma vela, uma lágrima...

sábado, 22 de novembro de 2008

Ontem, Longe, Gerou-se Afeto.

...então esse vento que também já me trouxe muita solidão e nostalgia, acaricia teu cabelo. a lua que antes era tão minha, ilumina teu rosto que chega em tua embarcação, que encosta na minha. Lesse alguma carta minha jogada ao mar? estais, como eu, à deriva nessa vida marítma?ou estais próxima da tua ilha a acalentar os marinheiros solitários como eu que cruzam todos os dias teus mares e teus faróis?
Vejo, de longe, alguém que te espera no alto daquela colina e me pergunto se está esperando que voltes ou te dizendo adeus.
Vamos, pode subir, no meu barco não existe canhões e, as formas que lembram os mesmo, vomitam flores e insensos para todos aqueles que precisam de alguém do lado quando a lua desponta tão branca no céu.
Não fale nada! me deixa saber quem és só pelo brilho que a lua reflete no teu olhar. Estais aqui, talvez não tão longe de tua casa,talvez não tão longe de um amor que ficou na praia, mas estais só como eu?
Ne temas meu barco, ele acabou de vencer oito galeões que só me atacavam enquanto eu dormia...ele já não é o mesmo...
Está um pouco gasto, mas, no que nele achares, podes ficar pra ti. Pelo sopro do destino, estarei só de passagem pelas margens da tua praia, por isso, peço que leve tudo o que for te ajudar, seja um retrato de alguém que nunca conhecestes ou todo meu ouro, mas leve tudo.
Viagei por muito tempo, moça dos ventos, para chegar até aqui. Batalhei ,sem canhões, contra cem canhões, vencendo ,por fim, pelo simples motivo de não lutar.
tu te apresentas com teu barco tão florido e tão limpo (chego a sentir vergonha do meu pobre galeão que mais parece o holandês voador), teu sorrio me vem sem cheiro e sem som, qual uma fotografia preto e branco, uma estrela que brilha e morre todas as noites para iluminar tantos outros universos.
Mas essa noite tão clara não me trará saudade, senta-te do meu lado nessa proa que nos joga pro horizonte e me conta o que posso dar-te para que sejas feliz, para que nunca sintas falta do que me foi tão precioso...

(sabes quando o frio percorre teu corpo, mas só é necessário uma mão segurando a tua para que te sintas aquecida?)

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

um abraço em milhas de eternidade

Para minha pequenina estrelinha do norte

...e confesso que naquela noite que a vi e não sabia que mais a veria, pensei em tomá-la em meus braços, saber de seus amores morto-vivos, seus sonhos e suas tristezas, mas apenas brinquei com o formato engraçado do seu nariz e a deixei partir já que eu não poderia ficar.
A vida continuou e , agora, depois de um ano, "eu falo" e ela me "escuta"(estão em aspas porque, embora sejam escritas, não possuem som algum), distante, lá onde o mar tem um cheiro diferente e a chuva nunca me traria a nostalgia.
Hoje, talvez eu a tenha de uma forma mais pura, como as nuvens que trazem as noticias do norte, mas ainda sinto vontade de cuidar dela, de fechar seus olhos para que sinta eu a abraçando eternamente e, terminando a eternidade desse abraço que ela tanto precisa, sinta um beijo na testa com um afago nos cabelos desajeitado e molhado por lágrimas, arrumando-os por trás da orelha, para que quando o sol nascer, seja hora dela refletir seus raios em seus cabelos tão sonhadores...

...que um dia encontres alguém que tenha asas e te leve para o paraíso onde apenas apontei o caminho entre as estrelas...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

infinita distância à centimetros

...como havíamos nos prometido, estamos na mesma mesma hoje a conversar sobre o amor. Casais trocam carícias e outros solitários procuram bocas para ajudar a passar essa noite fria.
Estsias,como sempre, vestindo preto,e, por sinal, aquele vestido que eu adorava quando usavas. Adorava até mais que te ver nua, posando para mais uma tentativa minha de te manter imortal para os outros.
Te inclinas para frente, sinto teu cheiro e chego até próximo de ti o suficiente para lembrar do calor do teu beijo. Bem de perto, teus cabelos se desenham como ondas do mar...Ah, como me lembro daquela vez na praia, onde éramos, tú e eu, únicos no mundo.Como me lembro das estrelas que te dei, daquele tempo que parava quando minha mãos tocavam teus ombros enquanto estavas perdida no horizonte.
Então me falas de tudo que é novo pra ti, teus novos amores e teu novo futuro mas, quando falas em futuro, nesse momento, me lembro daquela nossa velhice juntos,nosso filhos já grandes e nossa casinha branca na serra como inventamos.
Não consigo prestar atenção quando falas de coisas do teu dia e, quando presto, é pra me imaginar no lugar desse outro amor que teus olhos brilham quando é o nome dele que se pronuncia nessa boca que tanto foi minha.
no meus desespero, rexo para que a única distância entre nós fosse esse espaço onde estão colocadas uma dose de gin e uma cerveja ,já pela metade, de alguma marca holandesa.
Me falas, falas e falas. Enquanto isso, envolto em imaginação, que estamos juntos. Coloco palavras e finjo que quando pegas o cigarro na outra mesa, estais pegando um pra mim enquanto planejamos o que será do dia de amanhã (filhos, casa, viagens).
e, por fim, nesses dois minutos de conversa enquanto me falas do que é e que sonho com o que poderia ser, me perco em nosso futuro, nesse futuro só meu mas que és personagem principal de , nós ,se apagando aquela eterna chama, cuidando de nós mesmos,velhos, esperando a morte...e quanto isso ainda me resta esperanças que a morte, por fim, poderá nos unir denovo?

...e, por um segundo, mudas minha existência, voltando a me fazer aquele adolescente que roubava rosas do jardim daquela velha víúva para te dar...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

insônia,solidão e saudade

...Então a madrugada está azul lá fora e o sono não quer te abraçar. Oh,céus!esta é a hora de fazer das lemranças nossa única companheira. O telefone não vai tocar, irás pensar em alguém que já se foi, mas essa pessoa agora dorme e se sonha, talvez seja com outro amor.
Pela janela as sombras te chamam a atenção. São garras, fantasmas e até teu super-herói, desses que não acreditamos quando temos "companhia" e se torna o salvador nessa noite de insônia.
Os pensamentos correm à mil enquanto nãoo se passaram nem um segundo sequer. Olhas pro telefone, pega-o e lê as mensagens que te mandaram outrora qua talvez tenhas lido rapidamente e indiferente, mas agora é a certeza que não estais só. Agora já se passaram três segundos dessa eternidade branca, é hora de acender a luz e ler aquelas cartas de amor. oh, masoquismo ínsone, que nessa madrugada nos faz sentir a dor para nos fazer sentir que a vida correu.
pensa , reflita, nada mudará esse presente,só resta teus pensamentos e tuas lembranças. Essa madrugada agora é eterna e estais só. Sejai "bem-vindo" (com toda permissão para uma sutil irônia)
Agora veja a saudade que olha pela janela para o horizonte negro, a solidão que se sentou agora naquela escrivaninha onde escrevestes aquelas cartas para aquele amor distante. Não desprezes nenhuma das duas, pois elas sim serão tuas companhias em todas essas madrugadas eternas.
Se conheceres a tua saudade e a tua solidão, enfim, conhecerás o que é a tua vida.

domingo, 9 de novembro de 2008

Sombra sem nome

...E, se existires, sabes o quanto te procurei pelas madrugadas azuis , sem te econtrar jamais, me contentando com uma dose a mais ou com os perfumes de mulheres que me abandonaram. Sabes que tentei te enxergar em cada amanhecer, em cada pétala de rosa e até na própria degradação daquele ébrio que se despedaça. Algumas vezes senti tua presença, mas o medo sempre me guiava para outros caminhos. "you can't change your destiny"...
Sabes como a tua ausência me dói sem nem mesmo te conhecer, mais ainda nessas noites que o violino fala de amor e a lua se esconde. Ah, como perguntei onde estais para essa lua, para esse sol...quantas vezes mandei cartas pelos teus pombos mas, como sempre, fiquei a esperar terminando por dormir ao frio, procurando um ponto crescente no horizonte que me trouxesse de volta a esperança que dobrei e joguei ao vento.
Como é dificil ouvir 'la vie en rose" e não lembrar que também as rosas morrem. O quão é insuportável sentir falta de algo que nunca tive. Escravo de uma imaginação de flor mas que me abraça tão secamente.Me perdoas?
Me perdoas por eu sempre voltar para casa aos pedaços?Me perdoas por , sem conseguir te encontrar, suicidar-me mil vezes por dia?
Que um dia eu possa te encontrar, já que eu nunca fiz por merecer que o destino te colocasse em meus braços...Que, enfim, eu possa chorar e ter alguém para me consolar.

não precisarei mais desses sete sóis se eu tiver, numa noite escura de verão, o minúsculo brilho do teu olhar.

...O tempo, enfim, parará e só haverá tua piedade e minha redenção...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

ùltima aurora de sonhos

Pois um dia sei que dormirei para não mais acordar,sozinho, como todos os que amam.Uma lua depontará no céu me procurando, seu amante fiel e sonhador...em vão . Talvez, alguém, debaixo dessa lua que não saberei mais sua cor, tocará num triste violino as cores de um pintor que os pincéis,a partir de hoje, repousarão eternamente esquecidos dentro de uma garrafa vazia de vinho.Talvez,nessa noite, algum casal de namorados sentirá uma brisa estranha que os abraçará (Quiçá conseguirei, por fim e em forma de brisa, sentir o amor que tanto procurei). Algum ébrio, sentirá sua mão erguer-se num convite à um último brinde.O vento no cais trará os viajantes para o reencontro com suas amadas que choraram tanto o que se foi e que desconfiaram nunca mais voltar(acho que, também, nesse instante, sentirei o doce sabor de ter alguém pra quem voltar)não terei, nessa hora, pedidos ou desejos, irei nas janelas de meus eternos companheiros para os dizer e agradecer aquelas noites; farei, para meus antigos e já despedidos amores, aquela nobre reverência enquanto planto uma flor em cada um de seus jardins.Até que, por fim, caminhanarei por aquela rua deserta e escura.Mas, por favor, não chorem minha morte. Estarei num lugar de paz e, meu espírito tão sofrido e sonhador descansará.lembrais que quando ,até que enfim, dobrar aquela esquina que já me viu tantas vezes dançar sozinho com uma garrafa de vinho, e eu começar a me chamar "saudade", irei para algum lugar dessas madrugadas que virão, nos luares, nos jardins...em todos os lugares em que estiver o amor...é só me procurar numa flor,num abraços...na luz pálida do luar.
E uma tímida explosão de luz em sete cores se fará no céu,nessa noite de despedia, devolvendo,assim, eternizandas no céu, as cores dos sonhos que vocês pintaram pra mim...

até sempre.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Tú em meus cinco minutos

..."Toi, par tes mille et un attraitsJe ne sais jamais qui tu esTu changes si souvent de visage et d'aspect..."
E são esses cinco minutos com a cabeça que, no travesseiro, sonha em sonhar("ich bin die Stimme aus dem Kissen") que me apareçes, não sei onde nem quando, mas apareçes. Lembro de como éramos , há 3 anos, meros desconhecidos, procurando o que sempre procuramos e procuraremos. Penso até nas vezes que passaste em minha frente e eu, com meu olhar sempre no horizonte, não imaginaria que naqueles febris passos se escondia o amor de minha vida que veio, delicada e irônica, dar a razão a minha vida.
Agora és mminha querida alma a vagar no mundo dessa miha saudade...Ah, teus cabelos que o vento desenhava e que pareciam fugir dos meus dedos enquanto tentava de acariciar. E quando, no meio da noite, sem sono,olhando para ti, distante em teus sonhos, inventava algum barulho só para acordares pr"eu ter certeza que eras tú que sonhavas com teus pés ,deixados por uma mistura de medo e desprezo, enroscados aos meus.
Agora já não é mais um capricho ,essa maturidade forçada pelo tempo, é preciso "enfrentar a insônia como gente grande" ,ouvi dizer. mas como me livrar dessa insônia que me invade nesses cinco minutos antes de adormecer? e como despistar meus sonhos que te procuram no dia que desponta e morre?
ah, esses cinco minutos que param meu presente e me jogam nesse passado intacto e pulsante!
enfim, acho que te tenho pra mim, nesses cinco minutos, em um campo florido onde nossas crianças que outrora criamos (ou que, sozinho, criei).
Enfim, te tenho aqui, para sempre, nesses cinco minutos de piedade, onde, te trago para esse barco e essa lua, mesmo sabendo que estais a sonhar com o campo e com as árvores.

(egoísmo onírico)